10.000 års nordisk folkekunst
1961-1965
Asger Jorn Fotografias de Gérard Franceschi
Recuperar o que nós, como cultura, perdemos ou esquecemos, e propô-lo como um caminho para construir nosso futuro. É assim, talvez, que podemos entender 10.000 års nordisk folkekunst [10.000 anos de arte popular nórdica], de Asger Jorn, um projeto a que ele se dedicou de 1961 a 1965 com o fotógrafo Gérard Franceschi, em busca da linguagem visual da Europa Setentrional pré-cristã e seus vestígios na arte e arquitetura românica e gótica.
O projeto resultou em mais de 20 mil fotos de objetos de pedra, madeira e ferro e detalhes arquitetônicos que revelam uma forte convicção na linguagem – visual – como fonte de poesia, como ferramenta para vincular as formas e movimentos da natureza e do mundo aos da arte e da sociedade, e como estratégia para apresentar novas imagens e estruturas a fim de compreender e conceber a vida e o que está além dela.
A coleção de fotografias, muitas delas inéditas ou ainda em forma de negativo, oferece a imagem de um mundo não fragmentado, não dividido em áreas de especialização; nele, a crença na igualdade entre as pessoas e as coisas é dominante, e a capacidade que têm de se transformarem, celebrada.
A arte não está nas fotos em si, mas no que elas articulam: uma transformação que não pode ser sentida ou entendida pelas imagens individuais ou pelos itens nelas retratados, e sim nas associações que podem ser estabelecidas entre uma e outra. Juntas, elas falam sobre um mundo em constante mudança, em que tudo tem valor igual e onde o que importa é a busca ou a criação de conexões. – PL