Balayer – A Map of Sweeping
2014
Imogen Stidworthy in collaboration with Gisèle Durand-Ruiz and Jacques Lin
and with the participation of Christoph Berton, Gilou Toche and Malika Bolainseur
O projeto de Imogen Stidworthy para a 31ª Bienal, Varrer – A Map of Sweeping envolve uma rede de lares temporários para crianças autistas instalados pelo escritor e pedagogo francês Fernand Deligny, em 1967, nas imediações da aldeia de Monoblet, no sul da França. Nessas casas de fazenda, mais que atenção psiquiátrica, era oferecida uma experiência de vida comunitária: os terapeutas eram substituídos por assistentes sociais sem treinamento formal, e o isolamento substituído pela vida ao ar livre. Desse modo, Deligny procurava criar um ambiente que respondesse ao modo das crianças de “estar no mundo”, notadamente o retraimento de sua linguagem. A comunicação verbal, portanto, era abolida, e usavam-se ferramentas visuais como desenho de mapas, fotos e filmes para interpretar seus gestos e divagações.
Embora a rede tenha deixado de operar no início dos anos 1980, Jacques Lin e Gisèle Durand-Ruiz, colaboradores de Deligny, continuaram a morar com adultos autistas em uma das casas de fazenda – dois desses adultos haviam chegado lá ainda crianças, no fim da década de 1960. Como parte de sua pesquisa em curso sobre as fronteiras da linguagem, Stidworthy trabalhou com Lin e Durand para considerar o legado do projeto de Deligny e refletir sobre o que a ausência de linguagem poderia dizer sobre como ela constrói nosso sentido de indivíduo e desse modo estrutura – assim como restringe – nosso envolvimento com o mundo.
Cada componente da instalação de Stidworthy enfoca uma prática cultural concebida por Deligny em sua tentativa de levar em conta a relação com os autistas e sua visão de mundo – isto é, desenhar, “camerar” e escrever. Atenta à percepção intensificada que essas pessoas têm do mundo material, Stidworthy as filmou enquanto trabalhavam com Durand em um projeto desenvolvido de tempos em tempos, que envolve traçado em papel – uma atividade que Deligny distinguia do desenho para enfatizar sua base não intencional. Uma falta similar de objetivo sustenta a noção de Deligny de “camerar”: uma filmagem sem alvo que podemos reconhecer na instalação, em imagens feitas de uma posição de câmera “desapegada” e, em certa medida, sem autor. Também vemos gravações de vídeo não editadas tomadas por Lin ao longo dos anos, para um futuro filme. Por fim, o estilo incomum de escrita de Deligny – presente na instalação sonora por meio de gravações em estúdio que registram a tradução direta e improvisada do seu texto original em francês para o inglês e o português – revela sua tentativa de afrontar a linguagem dentro dela mesma – HV