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Línea de vida / Museo Travesti del Perú

Línea de vida /
Museo Travesti del Perú

2009-2013
Giuseppe Campuzano

Há mais de uma década, o filósofo e drag queen peruano Giuseppe Campuzano (1969-2013) criou o projeto Museo Travesti del Perú [Museu Travesti do Peru], uma tentativa de apresentar uma contranarrativa gay, um pensamento promíscuo e interseccional da história que coleta objetos, imagens, textos e documentos, recortes da imprensa e objetos de arte apropriados e propõe ações, dramatizações e publicações que desestruturem os modelos dominantes de produção de imagens e corpos. O projeto, a meio caminho entre a performance e a pesquisa histórica, propõe uma revisão crítica da história do Peru sob a perspectiva estratégica de uma figura ficcional que Campuzano chama de “travesti andrógino indígena/mestiço”. Aqui, figuras transgêneras, travestis, transexuais, intersexuais e andróginas são postuladas como os atores centrais e sujeitos políticos principais para qualquer interpretação da história.

Ao contrário de grandes projetos institucionais e seus discursos de autoridade, esse museu nômade não tenta “representar” e integrar minorias nos discursos dominantes de progresso e felicidade. É, isto sim, um dispositivo deliberadamente artificial que dramatiza histórias oficiais e desarticula o sítio privilegiado da subjetividade heterossexual – uma subjetividade que converte toda diferença em um objeto de estudo e torna invisível sua própria contingência e os processos sociais que resultaram em suas construções.

Essa condição móvel também se refere a vários outros trânsitos e movimentos: o movimento das massas em uma viagem das províncias para a capital, bem como formas de migração por outros sujeitos invisíveis cuja vida está permanentemente entre a vida e a morte (o hiv positivo, os imigrantes sem documentos, os sexualmente indefinidos etc.). A natureza portátil do museu e sua habilidade em funcionar como parasita para qualquer cenário – desde praças públicas, mercados de rua e feiras livres até conferências universitárias – têm lhe possibilitado questionar o ativismo ortodoxo, propondo em seu lugar um tema político amorfo e elusivo.

O Museu Travestí del Perú funciona como uma aposta experimental que vandaliza a teoria clássica e a história com uma reformulação irreverente por meio de imaginários, referentes e conhecimentos transversais em favor de um tema inadequado e refratário, a ser enquadrado nas taxonomias existentes. – MAL

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