1963-1965
Edward Krasiński Fotografias de Eustachy Kossakowski
Edward Krasiński (1925-2004) era ao mesmo tempo um fabricante de objetos e artista para a comunidade a sua volta. Viveu na Polônia a maior parte de sua vida, e seu trabalho sempre respondia à situação ao seu redor, ainda que já expusesse internacionalmente desde o início da carreira, nos primeiros anos da década de 1960. Dessa fase, há na 31ª Bienal tanto fotos do artista com suas obras como alguns trabalhos esculturais. Suas fotos são montadas de modo muito pensado, ainda que possam parecer casuais. Elas o mostram como uma figura delicada, irreverente, brincando com uma suposta herança aristocrática numa época da Polônia comunista, em que tais ações não eram politicamente bem recebidas. Todas as fotografias foram tiradas por seu amigo e colaborador Eustachy Kossakowski, que era próximo de toda a cena da vanguarda polonesa da época.
Krasiński estava sempre buscando usar a atuação e a performance como maneira de escapar ao peso de sua situação, fosse em seu engajamento com a arte e sua materialidade, fosse em sua relação com as autoridades. Ele era fascinado pela potencial dilapidação dos objetos cotidianos e procurava transformá-los em configurações mágicas, dar a eles uma presença quase mística.
Seus objetos são algumas das peças mais antigas na 31ª Bienal. Sua aparência delicada, até precária, é tecida na atmosfera da própria sala, cujas paredes escuras e iluminação dramática transformam os materiais simples em talismãs contemporâneos. Quando mostrados pela primeira vez logo depois de serem feitos, em meados dos anos 1960, foram vistos como relacionados ao surrealismo por seu caráter absurdo e lúdico. Cinquenta anos mais tarde, no contexto contemporâneo, sua aparência pode sugerir outro estado das coisas – menos arte histórica e mais associada à precariedade social. Krasiński sempre lutou contra os limites e controles e procurou seu próprio caminho na arte, sem afastar-se do mundo. Por meio da transformação de materiais convencionais, ele tentou arquitetar uma nova imaginação popular, que ainda hoje tem ressonância. – CE