1973-1979
Juan Downey
A ideia de Video Trans Americas surgiu com uma epifania que Juan Downey teve em Nova York, a qual o fez buscar suas raízes após quase dez anos vivendo e trabalhando na Espanha, na França e nos Estados Unidos. Sua intenção era realizar uma videoexpedição de Toronto até a Terra do Fogo, filmando com sua câmera as diferentes culturas que convivem, muitas vezes sem relação umas com as outras, ou mesmo em conflito, no continente americano. O programa de trabalho incluía a gravação em comunidades distintas (urbanas e de povos da selva) e a posterior projeção das imagens nessas mesmas comunidades, assim como em outros contextos locais. Como resultado, seria editada uma única obra para mostrar as interações de tempo, espaço e contexto.
No fim dos anos 1960, o artista havia começado a se interessar pela tecnologia como um fator de renovação capaz de promover mudanças sociais e econômicas radicais – como uma ferramenta utópica e libertadora, portanto – e que, além disso, permitiria reconciliar natureza e progresso. Utilizando uma grande variedade de meios, centrou sua atividade no modo de traduzir em formas visíveis os elementos invisíveis de transmissão de energia.
Em 1973, após experimentos com energia em esculturas e happenings, e paralelamente às suas pesquisas para uma arquitetura invisível entendida como um sistema de informação, Downey identificou o vídeo como o instrumento perfeito para pôr em prática suas ideias. O potencial de retroalimentação e reflexividade do vídeo – como meio em que o artista se reflete e ao mesmo tempo se projeta na sociedade – era ideal não só para expressar as ideias sobre o espaço e o tempo que estava pesquisando, mas também para viabilizar Video Trans Americas, o projeto mais ambicioso entre os que havia realizado até então. O trabalho continuaria com a comunidade Yanomami na Venezuela, que daria lugar a obras como El shabono abandonado [O shabono abandonado] [pp. 150-151](1978) e El caimán con la risa de fuego [O caimão com o riso de fogo] (1979). – NEM