1973-1977
Juan Carlos Romero
Do mesmo modo que Edgardo Antonio Vigo e León Ferrari, seus companheiros de geração, Juan Carlos Romero concebeu sua prática artística – desde o início da carreira, no início dos anos 1920 – como integração de todas as suas atividades e intervenções na vida pública, fossem ou não convencionalmente consideradas artísticas. Assim, além de sua produção em arte postal, poesia visual, performance, arte gráfica, pintura e gravura dedicou-se com a mesma intensidade a escrita, edição de publicações, curadoria, docência, militância e formação de um arquivo sobre arte e política. Romero foi, durante toda a vida, um artista experimental e defensor das práticas coletivas, capaz de gerar seus próprios espaços de circulação, dentro ou fora dos já estabelecidos.
Violencia [Violência] é uma instalação realizada pela primeira vez em 1973, em um momento de profunda crise institucional, ideológica e social na Argentina. Nesse período, o país encontrava-se sob regime militar e, diante do iminente regresso do ex-presidente Perón após um longo exílio, multiplicavam-se os debates em torno da formação de um governo nacional e popular, o perfil de uma nova esquerda e a necessidade da luta armada.
Essa obra resume todas as questões mencionadas e praticamente todos os campos de atividade de seu autor: é o resultado de um trabalho de arquivo sobre a maneira como a imprensa apresentava os conflitos daquele momento; uma intervenção militante que exorta – nos termos de Frantz Fanon e Jean-Paul Sartre – a responder com violência libertadora à violência do opressor; uma concepção integral do espaço expositivo e sua relação com o espaço da rua; uma postulação do papel do espectador como agente necessário da mudança social; além de ser uma experimentação gráfica e conceitual. Uma ideia, enfim, da arte como pesquisa, intervenção e conscientização – elementos-chave do conceitualismo latino-americano dos anos 1960 e 1970. – SGN