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Zona de tensão

anos 1980
Hudinilson Jr.
Organizada por Marcio Harum

Com forte inspiração na escala da cidade, alguns dos trabalhos de Hudinilson Jr. (1957-2013) apresentados na 31a Bienal estão de acordo com projetos originais encontrados no arquivo pessoal do artista, confirmando seu interesse pelo uso do outdoor não apenas como veículo de comunicação de massa ou mobiliário urbano da era anterior à Lei Cidade Limpa – que proíbe anúncios publicitários nas vias públicas da cidade de São Paulo desde 2007 – mas essencialmente como objeto instalativo.

A colagem – exibida aqui em grandes dimensões e seguindo rigorosamente os planos de montagem deixados em seu ateliê-casa – compõe uma imensa paisagem formada por peles e pelos de um corpo fragmentado, que não é mais individual, que não é mais masculino ou feminino, como resultado de um exercício de transformação do corpo pela exploração das possibilidades da máquina xerox.

Como um míope, Hudinilson com frequência lançava mão de recursos gráficos simples para a produção de seus trabalhos por meio de fotocópias ampliadas obsessivamente a partir dos formatos A3 e A4, que incluíam a presença de estruturas quadriculadas, impressas no papel pautado ou milimetricamente traçadas por ele com o desenho ou técnicas próprias de recorte e cola.

Em grande parte de sua produção, a figura recorrente desse grid sobressaiu em autorretratos e imagens de homens nus, apontando para os impedimentos de natureza política, social, moral e física que o desejo homoerótico e o pensamento artístico queer enfrentaram durante a ditadura civil-militar brasileira e a progressão da Aids. – MH

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